Musicalmente, os anos 60 no Brasil começaram com a bossa nova, música eleita pela juventude para simbolizar uma nova era. A novidade musical apareceu em 1959 com uma proposta de modernização do samba e de internacionalização de nossa canção.
Lógico que logo caiu no gosto dos jovens brasileiros e começou a fazer sucesso no exterior.
Na segunda metade da década, com o Golpe Militar de 1964, a música brasileira tomou um rumo mais engajado com a Música Popular Brasileira (ou MPB), que construiu um repertório de canções de protesto contra a falta de liberdade no país. Mas, mesmo sob um regime ditatorial, o país viu o nascimento da versão nacional dos dois primeiros movimentos de música jovem e popular: a Jovem Guarda, de Roberto Carlos e companhia, e a Tropicália, de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Zé.
Mas que tal saber mais a fundo, como surgiram os hits nacionais e internacionais da década de 60?
Bom, vamos por partes:
Graças ao mega baby-boom do pós-guerra, o mundo no início da década de 60 estava repleto de jovens.
Só que, ao contrário daqueles das gerações anteriores, agora eles eram mais instruídos e tinham poder de consumo. Naturalmente, sonhavam com um mundo diferente e que de preferência tivesse uma nova “trilha sonora” como acompanhamento.
Afinal o rock’n’roll dos anos 50 já não parecia tão transgressor como quando Elvis Presley apareceu rebolando pela primeira vez. E cá entre nós, Elvis sempre foi o tipo de artista que criava rebuliço entre as mulheres!
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Elvis Presley |
Mas, continuando...
Em 1961, surgiu na Califórnia a primeira novidade musical da década nos Estados Unidos, o surf music, que estourou na costa oeste com os Beach Boys. Com temas leves, que giravam em torno de praia, surf e carrões, ele conseguiu atrair a atenção dos jovens americanos.
Ainda nessa época, a Motown, uma gravadora americana promotora de artistas negros, como Diana Ross, Marvin Gaye, The Supremes, Jackson Five, entre outros, começou a fazer sucesso (até entre os brancos) com um estilo de soul próprio, mais suave e comercial, considerado o precursor da era disco dos anos 70.
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Jackson Five |
Mas foi somente em 1963, do outro lado do Atlântico, mais precisamente em Liverpool, na Inglaterra, que surgiu o verdadeiro fenômeno musical dos anos 60.
Claro que estamos falando dos queridinhos da Inglaterra, The Beatles.
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The Beatles |
Embora ainda muito influenciados pelo rock dos anos 50, com letras ingênuas e uma postura bem comportada, não demorou para que eles e a novidade musical que traziam se tornassem uma verdadeira febre entre os jovens no Reino Unido.
No ano seguinte, explodiram também nos Estados Unidos, o que abriu caminho para uma verdadeira invasão britânica em território americano e no restante do mundo ocidental. Nessa mesma época, Bob Dylan, já antecipando a guinada musical que ocorreria na segunda metade dos anos 60 (afinal o cenário político dali para frente não inspiraria músicas tão leves e despretensiosas assim), começou a fazer sucesso nos Estados Unidos com canções com um tom diferente.
Com seus folks, que falavam de temas sociais e políticos de forma poética, transformou-se em símbolo dos protestos que logo se intensificariam.
No Reino Unido, o The Who se tornava a principal banda mod do momento, com uma performance nada comportada, o que incluía arrebentar os instrumentos no palco e canções curtas e agressivas.
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The Who |
Nos Estados Unidos, o verão de 1967 ficou conhecido como “Summer of Love”. Naquele momento nascia o movimento hippie, uma nova forma de contracultura, sob o lema “Paz e Amor”, que inspirou bandas como The Grateful Dead, Jefferson Airplane, Moby Grape, entre outras, a produzir um rock psicodélico.
Caracterizado pela experimentação e inspirado pelo uso de drogas, o gênero influenciou também o rock britânico de grupos e artistas como Beatles, The Rolling Stones, Pink Floyd, The Who, The Animals e Cream, entre outros.
Nessa época surgiu também o estilo ópera rock, com longas produções musicais que tinham como objetivo contar uma história. “Tommy”, do The Who, a mais famosa delas, narra a saga de um menino cego, surdo e mudo, que mesmo assim consegue se tornar um campeão de pinball e líder de uma nova “religião”.
História que deu origem a inúmeros filmes, peças teatrais e concertos produzidos ao longo das décadas seguintes, como “The Wall”, do Pink Floyd, “The Celebration Of The Lizard King”, do The Doors, e ”Quadrophenia”, do The Who.
Em 1969, enquanto a humanidade curtia o frisson de ver o primeiro homem pisar na Lua, aqui mesmo, no planeta Terra, mais de meio milhão de jovens fariam a maior viagem astral da década. E sem tirar os pés do chão. Munidos de muito amor, drogas e liberdade, compareceram em massa para assistir ao festival de Woodstock, nos Estados Unidos.
Evento que reuniu os principais grupos e artistas de rock, folk e blues, que, se seguiam diferentes rumos musicais, tinham em comum a defesa das bandeiras erguidas pela transformação cultural que acontecia no planeta naquela fase.
Capazes finalmente de se fazer ouvir, em alto e bom som, os jovens mostraram abertamente que não concordavam com a forma como o mundo estava estruturado. Àquela altura, no entanto, tão visível se tornou o movimento da contracultura que boa parte dele passou a ser a própria cultura dominante. Muito do que era rebeldia, no final da década, foi incorporado e transformou-se em moda.
O espaço da cultura jovem no mundo estava definitivamente, conquistado.